Nossos Poucos "Pequenos Príncipes"

Existem pessoas que são boas e ponto final.
Não buscam serem boas e nem foram treinadas pra serem assim. Elas simplismente nascem dessa forma, como se houvessem recebido um dom divino ao vir ao mundo.
Essas pessoas não foram privadas de viver a realidade do mundo nem vieram de famílias perfeitas. Conheceram a dor, o sofrimento e a solidão, mas seus corações não foram endurecidos e nem culparam o mundo por seus conflitos e desamores.
Essas pessoas não fazem fofoca nem se satisfazem com a punição alheia.
Têm fome de justiça mas não têm sede de vingança. São do tipo que não furam fila, não invejam a vitória dos outros e quase nunca alteram o tom da voz quando irritados.
Sabem dosar o amor e não vendem seus direitos nem honra por um prato de lentilhas.
Em um mundo como nosso, essas criaturas são uma rara espécie e por mais que tentem ser meros mortais, não conseguem.
Tentaram ser rebeldes. Tentaram ser loucos. Tentaram ser inconsequentes. E obviamente fracassaram.
Pessoas que negam repetir os erros de seus pais e de uma sociedade perdida, negam usar seus traumas como justificativa para suas dificuldades, e rejeitam a possibilidade de se conformarem com esse mundo.
Seríam eles uma aberração da natureza?
Ou seríamos nós os mutantes espirituais?
Afinal, se a intenção de Deus é que fôssemos todos como eles... como mudamos tanto?
A verdade é que nos distanciamos tanto do nosso formato original [`a imagem e semelhança do Criador] que nos espantamos quando encontramos pessoas tão honestas e boas.
Pessoas assim não se encontram facilmente, eu mesma posso contra nos dedos (de uma só mão) os que conheço.
Logo, inspirada no último capitulo de “O Pequeno Príncipe”, faço um pedido semelhante ao que Antoine de Saint-Exupery fez `a sua audiência:
Se então alguém vem ao seu encontro, e se ele é bom e detesta a maldade; se esse alguém sorri calmamente quando você se exalta, ou facilmente te perdoa; se alguém se alegra genuinamente por tuas vitórias, e se ele não se envergonha de ser bom e careta, então, por favor, não me deixe tão ansiosa: escreva-me depressa contanto que você também encontrou alguém com esse dom tão raro num mundo como esse; o dom da bondade.